Postagens

MENSAGEM À PROFESSORA AGREDIDA EM SANTA CATARINA

Imagem
Foto divulgada pela professora no seu perfil no Facebook. Prezada professora Márcia Friggi, Hoje vimos suas fotos e as palavras alarmantes que a senhora escreveu para compor essa história de ódio que hoje foi sua, mas que, infelizmente, tem sido a de muitos de nossos colegas ao redor da pátria que era para ser educadora e que agora, fatidicamente, cede ao pior dos venenos. Como professora de língua portuguesa, a mais básica das nossas competências, a senhora ensina o diálogo, a tolerância e o deleite das letras e dos seus conteúdos. Hoje, contudo, a sua palavra traduziu o nosso eclipse, a amargura de nossas letras, quando o vocábulo dá lugar à agressão, a voz e a escrita à ferocidade do grito, a compreensão à ofensa. Todos estamos dilacerados. Os ferimentos no seu rosto, o sangue gotejado sobre o piso, o xingamento que ressoa nos seus ouvidos, o misto de indignação e pena que emana das suas palavras são o sinal mais evidente da crise moral que afeta a no...

ANIMAL, AMIGO OU REFEIÇÃO? SOBRE "OKJA", O FILME

Imagem
Venho de fam ília de pecuaristas. Meu pai, antes de ter ou desejar terra para semente, sonhou com bichos. N ão lembro de ter vivido em um lugar que não tivesse por perto algum tipo de ave, su íno ou bovino . N ão que eu tenha vivido na roça , mas a ro ça sempre viveu em mim . Acho que muito antes de eu ter me encontrado com o Drummond de Boitempo , eu j á sabia, por experi ência própria, das coisas que ele escreveu: “ Entardece na ro ça / de modo diferente./ A sombra vem nos cascos,/ no mugido da vaca/ separada da cria./ O gado é que anoitece / e na luz que a vidra ça / da casa fazendeira/ derrama no curral/ surge multiplicada/ sua est átua de sal, / escultura da noite. [...] No gado é que dormimos / e nele que acordamos ” . Os bichos, contudo, estavam na minha vida sempre distantes, na sua vida de bicho, com uma presen ça obl íqua . À exceção de meu cachorro Totó, que ficou como mito dos dias primaveris de minha inf ância in...