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LANÇAMENTO DE LIVRO EM HOMENAGEM AOS 70 ANOS DO PROF. IVAN DOMINGUES

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  A editora da Unisinos, autores e organizadores, convidam para o lançamento do livro Minas e horizontes do pensamento: escritos em homenagem a Ivan Domingues , a ser realizado no dia 29 de outubro, às 19h, no canal do Youtube MemóriaFilosofiaUFMG.             Organizado por Anna Carozzi, Carlos Ratton, Helder Carvalho e Jelson Oliveira, o livro conta com prefácio do prof. Marcelo Aquino (Unisinos) e se estrutura em torno de seis eixos temáticos: conhecimento, tecnologia, ética, história da filosofia, filosofia no Brasil e vida intelectual. Esses eixos acabam por resumir a empreitada filosófica de Ivan Domingues, na medida em que traduzem as preocupações de sua intelectual em torno de perguntas sobre o que é pensar [ontologia], o que é conhecer [epistemologia], o que é fazer [técnica, tecnologia] e o que é viver [ética].             Entre os autores, cujos textos traduzem esses horizontes, estão André Berten (Université Catholique de Louvain), Andrew Feenberg (Fraser University), A

A URGENTE QUESTÃO DA SOBERANIA NACIONAL E O CONCEITO DE NAÇÃO: CONDIÇÕES PARA SE PENSAR A (RE)CONSTRUÇÃO DO BRASIL

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  Lilian S. Godoy Fonseca [1] UFVJM – NEPC/UFMG   Entre março e julho de 2021, o Grupo Soberania Nacional da UFU e o Instituto Schiller Internacional promoveram o Curso de Extensão Internacional sobre o tema O sistema americano de economia política e sua herança crítica . Foram realizados encontros semanais, aos sábados, das 18 às 19h30; o curso foi organizado em 5 cinco módulos, abordando os seguintes temas: 1. As origens europeias do sistema americano; 2. O sistema americano de economia política; 3. List e o sistema alemão de economia política; 4. Marx e List na Rússia e 5. Herança contemporânea do sistema americano. As aulas ficaram a cargo dos professores: Jairo Dias Carvalho - UFU/MG, Dennis Small - Instituto Schiller Internacional (ISI), Jacques Cheminade (ISI), Tim Rush (ISI), Rogério Mattos – UFF-RJ, Helga Zepp-LaRouche (ISI) e William Jones (ISI). Cada módulo foi desenvolvido em três aulas [2] , contemplando os principais autores e pontos mais relevantes aos respecti

JOÃO XERRI, O OLHO DA UTOPIA

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  João era um homem encíclico. Nele as mínimas coisas se vinculavam a causas maiores, em contornos sempre novos e surpreendentes. Ele tinha a arte da conexão, das linhas e das redes, dos círculos de amigos que se conectavam, que ele agregava e interligava em muitos laços e articulações em nome das grandes utopias que o mobilizavam e colocavam em ação. João era um homem centrífugo. Tudo o que lhe chegava às mãos, ele espalhava, divulgava, fazia grandioso. Sua inteligência, sagacidade e cultura eram admiráveis e se somavam ao exercício da crítica, à sobriedade das ideias e a uma fé lúcida e equilibrada, na melhor versão da tradição dominicana que ele celebrou em vida e que remonta a Domingos, Las Casas, Montesinos e Frei Tito de Alencar. Quando o vi pela primeira vez, em 1990, senti uma inquietação terrível, nascida das ideias que ele professava e do jeito de comunicá-las, que aliava uma voz rouca e potente, um sotaque peculiar, um gestual sólido e um coração infantil que parecia não com

O DISCURSO DE BOLSONARO NO PAINEL DO CLIMA É MAIS UMA DE SUAS FAKE NEWS

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  Acostumado a dizer e desdizer, afirmar agora e negar depois, declarar ontem e refutar amanhã, gerando mentira e desinformação com o objetivo de confundir para governar, o governo Bolsonaro fez hoje mais uma das suas mais impudicas jogadas. Dessa vez, em frente a uma plateia internacional qualificada, contou suas pataratas cheias de promessas sem contexto, imprevisões e palavrório vazio, porque as suas ações cotidianas e suas crenças tiram a credibilidade de seu discurso. Um dia depois de ter churrasqueado em apoio ao seu anti-ministro do meio-ambiente, um dos maiores inimigos das florestas, dos bichos e dos povos tradicionais, ele sobe à tribuna com a única ambição de vender seu peixe malcheiroso - precisamente ele que até agora desmontou as políticas ambientais, incentivou a mineração em terra indígena, deu de ombros aos criminosos ambientais, criminalizou entidades não governamentais ilibadas, entre tantos outros gestos cotidianos que têm levado o Brasil a viver algumas das catástr

BOLSONARO E A PANDEMIA: A INDIFERENÇA COMO FORMA DE GOVERNO

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  O princípio básico da vida pública é o interesse e o compromisso com o bem do próximo, principalmente os mais vulneráveis. A finalidade do Estado se revela, assim, na proteção e na defesa social, tarefa que é assumida pelo governo, a quem cabe, provisoriamente, fazer o que estiver a seu alcance para garantir a vida dos cidadãos, oferecendo-lhes oportunidade de saúde, educação e bem-estar geral. O nome disso é responsabilidade e ela é o núcleo central da política.   Tais princípios vêm sendo cotidianamente violados pelo presidente brasileiro, que escolheu (provavelmente por letargia) a indiferença como forma de governo. Seu riso insosso e suas piadas enfadonhas e hostis, seus gestos e sua inércia diante da pandemia são parte de um projeto que torna o Estado brasileiro insensível à dor de seus cidadãos. Com Bolsonaro, o desdém torna-se a regra que solapa as bases da verdadeira política e faz da indiferença de todos em relação a todos uma versão piorada da guerra de todos contra to

O ANO NOVO COCHILA NO CORAÇÃO HUMANO

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  A palavra réveillon vem do francês réveiller , que significa “acordar”. Tem a ver com o acordar do ano, o despertar do novo, a restauração do vigor, a recomposição da energia.   De minha parte, gosto do menos pomposo “ virada” , que é mais robusto e impetuoso. Virada é reviravolta, conversão, mudança. Traduz um tipo de oportunidade, de nova chance, de pirueta existencial – coisa de muita urgência, como se sabe. Virada tem um pouco de revés, guinada e revolução. É alteração de rumo, saída do marasmo e da apatia que entope as veias, pesa os ossos e entulha o ar de coisa irrespirável. Lembra mutação, metamorfose e todo risco que estão nelas, a instabilidade e o sacrifício de tudo o que é novo.   Numa competição, virada é a última etapa, quando o perdedor reage e vence o jogo. É emocionante demais! Palavra segura, de quem faz o que precisa ser feito, dando o último gole de fôlego para a tarefa que lhe pertence. E com isso, impressiona, faz o coração acordar. Toda virada traduz u

TIO IRINEU, O PACÍFICO, UMA DAS 180 MIL VÍTIMAS DA COVID-19 NO BRASIL

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Tio Irineu faleceu hoje, como uma das 180 mil vítimas da Covid-19 no Brasil. Seu nome, do grego, significa “pacífico” e faz referência um dos mais antigos bispos e pensadores cristãos, do século II, responsável pela paz com o Oriente.   Essa foi a imagem que o meu tio nos deixou. Lá em casa tem uma foto do seu casamento com a tia Mirna, a irmã mais nova da minha mãe. Na fotografia, eles estavam jovens e felizes em frente a um enorme pé de Bougainville (que no sul atende pelo charmoso nome de “três Marias” e em alguns lugares o mais singelo “primavera”). A flor de um rosado intenso, a minha tia vestida de noiva segurando o longo véu nos braços e o tio, esbelto, nos seus dois metros de altura, cabelo penteado acima da testa e sorriso largo espalhado sobre o rosto. Aos nossos olhos de criança, a cena tinha um apelo incontestável e deslumbrante. A gente sempre olhava pra ela como quem voltava a algum tempo remoto quando tudo era brisa e calmaria, quando as pessoas casavam felizes e jur