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Mostrando postagens de janeiro, 2019

QUANDO A JUSTIÇA VIRA ÓDIO: VAVÁ FOI ENTERRADO SEM O ÚLTIMO BEIJO DE LULA

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A negação do pedido do ex-presidente Lula para velar e enterrar o corpo do seu irmão é mais uma página triste da politização do poder judiciário brasileiro. Tal proibição contraria o artigo décimo da Lei de Execuções Penais. A única explicação cabível é que, nesse caso, trata-se de uma estratégia vexatória, incitada pelo ódio de classe que vem movendo parte do judiciário em torno da prisão do ex-presidente.  Não está em jogo agora a discussão de sua inocência, mas o cumprimento da lei, o que é obrigação das autoridades em qualquer regime democrático. É por isso que todas as estátuas que representam a justiça têm os olhos vendados: ela não pode julgar a pessoa, mas o caso, segundo a ordem vigente. Se está na lei, a decisão independe de seu beneficiário. O contrário é estado de exceção, uma afronta à democracia e às próprias instituições que deveriam se empenhar para seu pleno cumprimento. A negação é um ato desleal com a democracia e desumano com o ex-presiden

SEM JEAN WYLLYS O BRASIL FICA MENOS DEMOCRÁTICO

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Repeti algumas vezes, em tom de brincadeira, que o aparecimento de Jean Wyllys já tinha eximido a Globo do delito de nos submeter a 20 anos de Big Brother. Foi lá que o vi pela primeira vez, conquistando o público. E foi nas suas redes sociais, já como deputado federal, que eu vi – também pela primeira vez, com horror e desprezo – como o monstro da intolerância estava crescendo entre nós. Qualquer notícia em relação a seu nome despertava centenas ou milhares de comentários homofóbicos, capazes de tirar o sono de qualquer pessoa minimamente esclarecida. Sua militância a favor da causa LGBTI+ tornou-se uma das páginas mais importantes da defesa dos direitos humanos no Brasil nos últimos anos. Uma causa sempre problemática, porque a homossexualidade está, ainda, quase sempre, submetida à visão preconceituosa do machismo nacional, que chegou ao governo, com pais, filhos e milícias todas. Quase sempre associada à doença e à aberração, como se diz agora aos quatro ventos. Uma

AO INVÉS DE ARMAS, EDUCAÇÃO E DIÁLOGO

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O direito à defesa tem sido utilizado como argumento para a flexibilização do posse de armas no Brasil pelo atual presidente e sua trupe, eleito pelo abominável gesto que transformava mãos em armas. O gesto é deprimente em vários sentidos. Primeiro porque, com mãos imitando armas, transforma todos em inimigos, afinal, o direito à defesa vem desacompanhado da pergunta sobre quem é o perigo. Armados, transformamos todos em ameaça ambulante. A arma nos dá a falsa (e perigosa) sensação de superioridade. Por isso, enquanto se negou a participar de um único debate com seu adversário, pregava o uso da violência e dizia os maiores impropérios contra homossexuais, mulheres, negros e indígenas. Eis os inimigos. E, por isso mesmo, o gesto é eticamente deprimente porque nega o poder do diálogo. Ora, dialogar é optar pela racionalidade. Quem reivindica o uso de armas, recusa o valor da palavra em nome da força - que quase sempre é a mãe da violência desmedida. Na prática, a

POSSO IR NA MISSA ARMADO, COMUNGAR E DESEJAR PAZ AOS MEUS IRMÃOS?

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Hoje eu vi a foto dos padres defendendo a posse de armas de fogo por parte dos cristãos. Confesso que fiquei constrangido e indignado. Um dos rapazes foi meu aluno. Ele não entendeu nada. Não entendeu o que há de mais central na filosofia: a capacidade da razão, do diálogo e da arguição, que estão no lado oposto da força. Ele não entendeu as lições sobre os valores, as virtudes, a solidariedade, a paz e a justiça. Nem sequer parece ter entendido a mensagem de Jesus, a quem ele diz seguir; nem do Para Francisco, a quem ele deveria obedecer. Nunca deve ter ouvido falar de Gandhi, Martin Luther King, Dalai Lama. Será que leu o novo testamento esse rapaz? Leu bem lido ou de forma fundamentalista? E aquele papo de paz que se reza na missa, é tudo mentira? Será que viu os números da violência ou estudou seriamente algum texto que explique os perigos das armas? Não é novidade que o Brasil é um país líder em homicídio no mundo. Vivemos uma guerra civil que torna o problema da viol