ATÉ ONDE VAI O NOSSO DIREITO DE IR E VIR, COM UM VÍRUS A TIRACOLO?
O ministro foi demitido, depois de várias semanas de polêmica. Aparentemente a causa da demissão é o direito de ir e vir, reivindicado pelo presidente da república como um item repentinamente prioritário na sua agenda fraca e esquizofrênica. Ir e vir, nesse caso, inclui o risco de levar e trazer um vírus, de contaminar familiares, amigos e mesmo desconhecidos. Nas suas idas e vindas por Brasília, contradizendo as autoridades de saúde do mundo e fechando os olhos irresponsavelmente aos exemplos trágicos de tantos países, o chefe da nação agiu de acordo com sua opinião, como sempre sem base científica. Deu mau exemplo e, pior, colocou pessoas em perigo. Está para ser noticiado quantos daqueles que o acompanharam contraíram o coronavírus por culpa da caturrice planaltina.
Em caso de tamanha emergência, o direito de ir e vir de um termina quando começa o direito do outro de permanecer saudável ou de não ser contaminado - pelo menos agora. Está em jogo mais do que os dados da economia, mas a vida de milhares de pessoas que podem não ter acesso a tratamento de saúde adequados - aliás, outro direito que vem sendo escanteado no debate.
O governo que não deu até agora nenhum resultado sério em termos do prometido crescimento econômico e que manteve índices pífios de empregabilidade e de inclusão social, agora esbraveja em nome do emprego e da economia, precisamente quando elas se tornaram secundárias, porque submetidas a um bem maior, que é a vida. Na boca dele a economia, todos nós sabemos, não tem a ver com emprego e bem estar dos trabalhadores, mas apenas com o interesse dos bancos e das corporações, cujo lucro não pode cessar. É em nome disso que o presidente demitiu seu ministro. Está de olho nas eleições e quer culpar os outros pelos percalços que são seus e que agora se agravam alheios à sua vontade. Cheio de bravatas e bufonarias, o presidente tenta esconder a sua culpa embaixo do tapete, fazendo mais uma peripécia que mal encobre a sua incompetência.
Vivemos num filme de horror.
Até quando?
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