O PRESIDENTE E SUA CLOACA IDEOLÓGICA
No seu famoso poema “Romanceiro da Inconfidência”, Cecília Meirelles repete incansavelmente o verso que canta o poder da palavra: “ai palavras, ai palavras, que estranha potência a vossa”. Ela trata da fala que condena, do veredito final de um enforcamento, do poder que a palavra tem de gerar vida e de gerar morte. A poetisa, nesse caso, recupera longa tradição dos que reconhecem a potência da fala como uma das características ontológicas do ser humano, porque ao falar, homens e mulheres projetamos destinos, produzimos mundos. A palavra, sobretudo, é instrumento político. Foi com ela que a democracia ganhou corpo na Grécia. Foi por causa dela que autores como Aristóteles e Platão estabeleceram a identidade do homem como animal político. Ela é arma de disputa e de controvérsia em busca de consenso. Habermas a valorizou tanto que sua teoria do agir comunicativo parte da afirmação do seu poder transformador. A palavra, como política, é transformadora de realidades. Com as bi