COMBATA A TRISTEZA TOMANDO BANHO, CONSELHO DE SÃO TOMÁS DE AQUINO



A gente sabe bem: uma ducha fria pode ser um bom conselho na hora da ansiedade e um banho quente pode retirar a gente do torpor, trazendo ânimo novo. A água caindo pelos ombros, o cheiro do sabonete, o toque das mãos sobre o corpo e o som da água vibrando os tímpanos têm grande poder curativo. 

Não é à toa que para os egípcios de 3000 anos atrás o banho envolvia um ato sagrado. Tratava-se de purificar o espírito e, além disso, evitar epidemias e pragas que rondavam o mundo antigo. Em Creta, banhava-se entre os banquetes para que o corpo permanecesse saudável e em Roma não havia vergonha do banho nas famosas termas, que incluíam piscinas e duchas e, não raro, bibliotecas. Parece que o corpo e o espírito caminhavam juntos. 

Perseguido e desaconselhado na idade média por causa da moral e na idade moderna pela cresça de que a abertura dos poros poderia deixar o corpo mais suscetível às doenças, foi só a partir da segunda guerra mundial que o Ocidente popularizou o uso dos chuveiros. Não entre os indígenas: sabe-se que no Brasil, a intensa relação deles com as águas chamou atenção dos primeiros colonizadores. 

Na filosofia, Tomás de Aquino prestou atenção no assunto e convida a gente para fazer filosofia do banho. Para ele, a alma e o corpo estavam integrados. Um banho poderia, por isso, evitar a tristeza na medida em que a despertava o corpo. Na sua Suma Teológica, citou Santo Agostinho para lembrar que o banho expulsa a ansiedade da alma e, como é um prazer, traz alegria para a alma. O banho, afinal, evitaria a acídia (a preguiça) depois do almoço. 

No mundo moderno, o banho foi cercado de cuidados, que vão das tecnologias de chuveiros e banheiras, luzes e cheiros, até a inclusão de vidros, transparências, pedras e metais cujo esforço é aumentar o prazer do ato é potencializar o relaxamento e o alívio das tensões.

Não importa se você tem acesso a tudo isso. Aproveita a tua água sem exagero, ache a boa temperatura, aproveite os teus óleos, respire e... bem, o resto é com você. Siga o conselho do Santo, contudo.









Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CARTA A MEU IRMÃO, COM SAUDADES

O POMPIDOU DE PARIS É UMA CAVERNA PLATÔNICA: sobre as ilusões de Magritte*

UM ELOGIO À CALVÍCIE