PEDRO, 16 ANOS, ELEITOR DO BOLSONARO. ONDE FOI QUE ERRAMOS?
Ele não aprendeu o sentido da palavra obrigado. Não que não tivesse gratidão, mas aprendeu não se sabe onde, que esse era sentimento indizível que não cabia na grosseria cotidiana do vai e vem ríspido, duro e indecoroso. Aí, nesse meio hostil, ele esqueceu palavras boas do dicionário. Por favor e desculpas, entre elas. Não aprendeu a justificar-se, a argumentar suas razões, a dialogar fora da indelicadeza. Quis ser bruto, coisa de homem. Passou a fugir de frescuras e confortos que a vida civil exige na sua versão mais básica e ordinária. Ali, onde a mãe pode ser xingada, onde os professores podem ser agredidos, onde não existe horário a cumprir a não aquele do desejo próprio, da rotina insuportável dos calçados no meio da casa, do chão do banheiro sem secar, da roupa jogada num canto qualquer. Afinal, ele não aprendeu isso de horários, de respeitos e pontualidades. Não aprendeu que o som alto pode ser agressivo, que a aceleração da moto e a derrapagem do pneu na saída em