UM CARECA PODE SER UM HOMEM FELIZ, SABIA?
Durante muito tempo ao careca imputou-se legendas pouco
honoríficas. Sua peladura lhe fazia um doente, um velho ou um filósofo.
Provavelmente as três coisas ao mesmo tempo, o que dá no mesmo. Doente grave
perde o cabelo. Velhice, essa doença indesejada que afeta irrevogável tudo o
que é vivo, começa sempre pelos cabelos. O filósofo... bem, de tanto pensar
aquece os miolos, como se diz. Fornalha acesa, na cabeça faz terra rasa.
Exemplos não faltam. Sócrates era careca. Sêneca viu nisso muitas vantagens.
Gandhi era careca e Buda, obviamente. Mas Foucault foi o careca mor da
filosofia. Sua desenvoltura, dizem, era de arrepiar cabelos alheios.
Durante outra parte de tempo, o careca foi visto como um criminoso ou presidiário, porque a estética do crime não tem cabelo. Skinheads que o digam. Quem sabe um piolhento. Sem cabelo, estamos menos expostos aos insetos do mundo - quando crianças a mãe manda tosar rente para evitar contaminação e desasseio. A gente tenta esconder com tocas e outros subterfúgios, mas tem sempre um coleguinha destronando as discrições.
Depois, o careca foi para o cinema. Ficou famoso especialmente nos filmes de ficção científica. O homem do futuro parece ter deixado de lado pentes, shampoos e outras ferramentas ancestrais. Limpo e raspado como um objeto entre outros, as pretensas sujidades do corpo não cabem no transumano que vem.
Daí nasceu a estética do lenhador, hollywoodian, boxed, French Fork e outras guloseimas. O hipster ocupou passarelas do mundo e veio morar na nossa casa, como um membro da família, careca e barbudo. Bom de sexo, dizem eles de si mesmos, virou sex symbol. Um tipo cuja testosterona vive nas extremidades. Sendo moda e charme, mesmo quem não era, por natureza, agora ficou, por vaidade pura. Na TV, celebridades cortaram os pelos de todo tipo: tudo, um pouco, de lado, de alto a baixo, só em cima, só embaixo, com riscos, com letras, filosofias e evangelhos.
Durante outra parte de tempo, o careca foi visto como um criminoso ou presidiário, porque a estética do crime não tem cabelo. Skinheads que o digam. Quem sabe um piolhento. Sem cabelo, estamos menos expostos aos insetos do mundo - quando crianças a mãe manda tosar rente para evitar contaminação e desasseio. A gente tenta esconder com tocas e outros subterfúgios, mas tem sempre um coleguinha destronando as discrições.
Depois, o careca foi para o cinema. Ficou famoso especialmente nos filmes de ficção científica. O homem do futuro parece ter deixado de lado pentes, shampoos e outras ferramentas ancestrais. Limpo e raspado como um objeto entre outros, as pretensas sujidades do corpo não cabem no transumano que vem.
Daí nasceu a estética do lenhador, hollywoodian, boxed, French Fork e outras guloseimas. O hipster ocupou passarelas do mundo e veio morar na nossa casa, como um membro da família, careca e barbudo. Bom de sexo, dizem eles de si mesmos, virou sex symbol. Um tipo cuja testosterona vive nas extremidades. Sendo moda e charme, mesmo quem não era, por natureza, agora ficou, por vaidade pura. Na TV, celebridades cortaram os pelos de todo tipo: tudo, um pouco, de lado, de alto a baixo, só em cima, só embaixo, com riscos, com letras, filosofias e evangelhos.
E tudo para horror dos vendedores de perucas, para
descrédito dos implantes e crise dos adeptos dos produtos que prometem cabelo
instantâneo ou do combover (essa moda feia de puxar tufos daqui para lá e
equilibrar-se, depois, sob ventos e águas para que o penteado não desande). De uma vez por todas: o negócio é assumir a calvície. Como se diz: seja
feliz!
PS. Sim, esse é um texto de autodefesa.
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