A CARNE É FRACA E ESTÁ PODRE FAZ TEMPO. CONHEÇA O LIVRO "FILOSOFIA ANIMAL"










"É preciso refletir bem: onde termina o animal e 
onde começa o homem?" 
(Nietzsche, Schopenhauer como educador)



Existe uma urgência filosófica de pensarmos a chamada “questão animal”. E isso não diz respeito apenas aos bichos não humanos. Diante do olhar do animal, o ser humano se encontra com ele mesmo. Afinal, a gente também é bicho. E se a nossa diferença em relação aos demais é motivo de vergonha (se levarmos em conta toda a dor e o sofrimento impostos historicamente aos animais não-humanos), é ela também que nos dá grande responsabilidade, seja na reflexão ontológica sobre quem somos enquanto membros da espécie animal, seja na atitude ética que nos é exigida.
Trata-se de refletir criticamente sobre a crença milenar na primazia ontológica do ser humano e em sua superioridade diante das outras espécies, contra as quais ele implementa lancinantes expedientes de exploração, experimentação e consumo que não só têm produzido todo tipo de sofrimento (o que já é terrível e condenável por si só) como têm contribuído para a extinção de muitas formas de vida que povoam ares, terras e águas. Esse primeiro contrassenso, de cunho ontológico, fechou o animal em seu círculo próprio pretensamente intransponível (porque sem mediação linguística) e se desdobrou em um embuste moral que levou o homem a negar a própria animalidade em vista do presumido melhoramento fundado na racionalidade, cujo resultado foi o adoecimento, o enfraquecimento e o fastio do homem consigo mesmo. 
Não é por outro motivo que a filosofia contemporânea tem se dedicado a rever a condição ontofenomenológica e a relação ética entre animais humanos e não humanos, tendo como fio condutor a própria animalidade que os unifica ontologicamente: em seu sentido mais complexo, esse se tornou um dos temas centrais do pensamento filosófico, especialmente a partir da segunda metade do século passado, cujo empenho tem sido desconstruir as prejudiciais hierarquias no plano geral da vida e repensar o animal humano em sua íntima relação com o inteiro mundo da vida. 
Em tempos de um anti-humanismo que anunciou o fim do homem, abrindo caminho para muitas quimeras do pós e do transumanismo, pensar o animal pode ser um caminho para a renovação cultural e a afirmação de uma nova atitude dos seres humanos diante de si mesmos e diante do reino extra-humano, por onde vagam as vítimas silenciosas da nossa atual civilização urbano-tecnológica. Por isso, com a questão animal, a filosofia se reaproxima de seus grandes temas, do ponto de vista ontológico, epistemológico, antropológico e ético. 
Tais questões me levaram a organizar um livro que acaba de ser publicado pela editora PUCPRESS. A obra interessa a filósofos, bioeticistas, linguistas, literatos, defensores da causa animal e todos os que se preocupam com esse tema. Reunindo de forma inédita no Brasil textos de especialistas renomados nacional e internacionalmente, Filosofia animal pretende oferecer ao leitor um panorama do debate atual sobre esse assunto, com o qual a filosofia assume a sua tarefa zoofilosófica – algo que faz dela, no limite, uma filozoofia: um amor pelo animal e um saber que nasce dele. Com ele descobrimos que a carne é fraca e está podre faz tempo.


O livro será lançado no próximo dia 29.03, no segundo andar do Bloco Amarelo da Escola de Educação e humanidades e está à venda a um preço promocional de R$ 35,00 (+ 5,00 de despesas de correio). Basta enviar um email para jelsono@yahoo.com.br e passaremos mais informações.


VEJA O SUMÁRIO DO LIVRO





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