EM ÉPOCA DE CRISE, TODOS QUEREMOS UM BODE EXPIATÓRIO
Toda crise é uma espécie de ferida. O abscesso cresce e o inchaço precisa ser liberado, para que a dor se amenize. Quando a crise é social, o povo busca uma válvula de escape para evitar a turbulência. A forma mais comum de alívio é a escolha de um bode expiatório, capaz de personalizar a insatisfação popular. Não raro, essa escolha é orientada por ideais higienistas de luta contra a “podridão”, a “imundície que está aí”, o “chiqueiro que virou a república”. Vassouras à mão, o povo quer purificação e limpeza. Para isso, precisa encontrar alguém que encarne todas as culpas e represente todos os desgostos, contra quem ele possa dirigir suas frustrações. No geral, o povo escolhe suas vítimas induzido por discursos ideológicos que começam sutis e fragmentados, mas que se consolidam gradualmente, amparados pelas interpretações forjadas pelos aparatos midiáticos e os interesses políticos que estavam, até então, nas sombras. O povo quer queimar o seu “Judas”. Hipnotizado e sedent