SOBRE A REUNIÃO MINISTERIAL E A UTILIDADE DA VERGONHA
A vergonha é um dos valores coletivos mais úteis e necessários. Desde a infância, ela nos prepara para os limites impostos pela vida social. A palavra vem do latim verecundia e remete ao comedimento, à discrição, ao pudor e ao respeito. Sem isso, a vida social perde suas liturgias e recaímos facilmente em uma barbárie de insultos, afrontas e desacatos, cujo último degrau é a violência. Dessa forma, a vergonha é uma condição psicológica de controle dos comportamentos. Ela nos ensina que nem tudo pode ser dito, feito ou até mesmo pensado e, sendo assim, trata-se de uma virtude antecipatória e profilática, que nos prepara para evitar o pior. A vergonha, por isso, precede a culpa e até mesmo o remorso: por vergonha, deixamos de fazer as coisas que certamente trarão arrependimento posterior. Quem tem vergonha não diz tudo o que pensa e não faz tudo o que quer. Ele primeiro avalia suas atitudes e como elas podem afetar a vida dos outros e como os outros passam a vê-lo