O FILÓSOFO NÃO SABE DOBRAR UM LENÇOL DE ELÁSTICO: SOBRE OS CORTES DE RECURSOS PARA A PESQUISA EM FILOSOFIA
Parei de escrever meu artigo sobre a fenomenologia de Hans Jonas para recolher a roupa que eu mesmo coloquei e retirei da máquina de lavar na manhã de hoje. Demorei a achar os pares das meias e a acertar as orelhas das toalhas, mas confesso: o que realmente me deu trabalho foi dobrar aquele lençol de elástico. A tarefa é tão árdua - acreditem - que deu vontade de amaldiçoar quem inventou essa coisa tão favorável na cama mas desprovido de qualquer compreensibilidade doméstica na hora de ser guardado no armário. Fiquei pensando nessas tarefas complexas e ao mesmo tempo óbvias que o nosso dia-a-dia impõe e na dificuldade que temos, os pretensos pensadores e/ou intelectuais, para realizá-las. Lembrei do Tales, coitado, cuja queda naquela rua qualquer da Ásia Menor até hoje é motivo de riso. A jocosidade, contudo, permanece como um preconceito e se revela, não raramente, como motivo político que resulta na falta de investimentos dos governos na própria filosofia. Não gosto