Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2018

SERIA EXAGERO USAR PRETO NO RÉVEILLON?

Imagem
Estou me perguntando que roupa usar no Réveillon desse ano. Dizem que as cores traduzem desejos e sentimentos. Mas confesso que as perspectivas políticas me preenchem de medo. Queria usar amarelo na festa. Afinal, precisamos ser práticos e pagar as contas desse negócio chamado vida. Mas suspeito que nem todo o amarelo do mundo vai convencer aquele “mentor” a orientar as políticas econômicas para o bem comum. Enquanto aplica as reformas neoliberais do lado de lá, do lado de cá haverá choro e ranger de dentes. Pensei no verde. Mas lembrei logo da Amazônia desmatada, devastada, asfaltada, toda pasto, toda seca, com suas entranhas minerais expostas. Lembrei da desconfiança geral em relação à crise climática e que futuros ministros despreparados negam verdades cientificamente provadas por meio de opiniões descabidas e obscenamente xucras. Talvez vermelho? Mas a paixão está controlada e, a depender do caso, proibida pelo jeito gospel de governar, que d

COM PLÍNIO, MINHA CASA É UM PARAÍSO DOMÉSTICO

Imagem
Mora na minha casa um animal sereno. Ele tem um pouco de mim e quase tudo de si mesmo. Ele se abre para os silêncios dos meus livros, os pratos, os quadros, os panos todos. Sua empresa ocorre pelas sombras, nos reflexos e nas aragens como eu mesmo nunca teria imaginado fazê-lo. Ele sabe mais da minha casa do que eu, porque ele vê tudo desde baixo, com o olhar horizontal de quem, grudado ao chão com suas quatro patas, ainda carrega as antigas ligações entre animais, vegetais e a terra. O homem não. O homem vê sempre de cima, verticalizando suas ideias, derramando suas objeções. Plínio tem essa preponderância de ensinar coisas desconhecidas. Professor sem disciplina, a sua lição é o exemplo da vida doméstica, da celebração da casa como paraíso doméstico. Habitando na minha casa, ele aprende a me esperar. Eu, quando chego, aprendo a lição da gratuidade revelada no sorriso que eu neguei para muitos durante os dias de correrias e afazeres, rendidos à soberania da press

O ÓDIO À FILOSOFIA ESTÁ ENTRE NÓS

Imagem
“Não haverá grandes probabilidades de nos salvarmos,  se não salvarmos a inteligência.” (José Saramago) Cresce entre nós, mais uma vez, a ideia de que o filósofo representa um perigo social. Esse chão já foi pisado. Ao lado do pensador colocaram criminosos, comunistas, vermelhos de todo tipo, bêbados, loucos, depravados, sodomitas, homossexuais e outros tantos indesejados. Gente dessa laia em geral, dizem os homens da ordem, deve ser cassada e proibida. Sua peste é seu descrédito. Foi assim no nazismo. Foi assim em todas as ditaduras. Uma das motivações centrais desse processo é aquilo que o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han tem chamado de sociedade positiva, descrita como um tipo de sociedade que anula toda negatividade, aplainando tudo e tornando raso, em nome de certo conforto trazido pela concordância e pela unanimidade que, por não saber lidar com o diferente, acaba por anulá-lo. Nada pode ser resistente, tudo deve ser favorável. Nessa lógica, da qual se alime