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Mostrando postagens de maio, 2018

QUEM FOI QUE ELEGEU O TEMER?

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             Ninguém, é fato. Ninguém elegeu o projeto político-econômico em vigor. Ninguém deu um único voto para a reforma trabalhista, a reforma previdenciária, o desmantelamento dos serviços públicos e das políticas de distribuição de renda; ninguém votou para que o combustível subisse de preço, as universidades fossem sucateadas e a saúde vivesse uma crise sem precedentes. Nenhum voto elegeu o governo que aprovou leis que beneficiaram os latifundiários, contra os indígenas, os sem terra, as comunidades tradicionais e, principalmente, contra o meio-ambiente. Ninguém deu um único voto para que esse governo pagasse com dinheiro público os seus lacaios, para que acobertassem seus atos corruptos e, por duas vezes, apoiassem a sua continuidade no poder.  Etc. e tal. Há quem diga, contudo, que foram os eleitores da Dilma, generalizados no enfadonho e descabido epítome de petista. A lógica seria a seguinte: você é culpado porque casou com sua esposa quando, n

O OLHO DE MINHA MÃE

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Um dia – eu não sei bem quando – eu olhei no fundo dos olhos da minha mãe. Eles estavam cheios de uma estranheza de milênios, fecundando tudo ao redor com a delicadeza e a finura que ela aprendeu com os bichos, o olho dos canários, a cantoria das araras, a visão de uma borboleta treinada para enxergar as flores e nada mais. No olho de minha mãe eu frequentei essas alucinações de águas, caminhos, céus e vegetalidades. Eu vi cada uma das suas alegrias, as paisagens imensas que ela carrega no avesso do olho e aquelas estradas extensas e intermináveis que ela gosta tanto de andar, para ver e guardar na forma de muitas imagens. Eu vi cada uma de suas viagens, o gosto pelo inusitado, a curiosidade pelo estranho, a vastidão dos horizontes, até onde o olho alcança. E entendi que pelo olho é que minha mãe vive, colecionando figuras como quem planta jardins. Lá no fundo, também, eu toquei a penosa raiz do sofrimento. Eu vi, como quem frequenta labirintos, o âmago da dor, as n