Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2016

ANA JÚLIA, A ESTUDANTE DO PARANÁ: UM DAVI CONTRA GOLIAS

Imagem
“Quanto mais pode a fé que a força humana!”, registra Camões no canto III d’ Os Lusíadas , em referência ao esforço do jovem Davi, fraco e mal vestido, que se atreve a enfrentar o gigante Golias na luta improvável de um único ato. O pequeno diante do grande é tema do livro bíblico do profeta Samuel que conta a história do maior rei de Israel. O pequeno dispunha de uma bênção de dignidade que faltava ao grande: nenhuma armadura que não fosse uma atiradeira, algumas pedras lisas e a coragem suficiente para derrubar o temido guerreiro filisteu. Uma bravura colossal que Michelangelo entalhou nos cinco metros de sua pedra, para que a posteridade não tivesse dúvidas sobre quem era grande naquele campo de batalha. Ali, no mármore branco, o Davi de Florença reúne as forças para lançar a pedra, carregando no olhar a tenacidade e a valentia da glória premeditada de um jovem contra os tiranos de um povo. Davi, por isso, não era incauto. Altivo na história, ele segue sendo advertênci

NO DIA DO PROFESSOR, UMA MENSAGEM AOS ALUNOS

Imagem
Quando eu era pequeno, improvisei um quadro com uma tábua velha e dei aula aos meus irmãos mais novos sobre o abismo da morte. A gente vivia perto do cemitério e as crianças sabiam de enterros e velórios mais do que ninguém. Acho que esse foi o meu primeiro sintoma de filosofia - parafraseando o título do livro da querida Glória Kirinus. Aos cinco anos briguei feio com a minha mãe para ir à escola. O colégio era de madeira em tinta marrom e passou a fazer parte do meu mundo como um segundo lar. Não faltava a nenhuma aula. Fizesse chuva ou caísse canivete, eu era o primeiro da fila. Naquele tempo se cantava o hino nacional na quadra e se escrevia o nome do presidente do Brasil no alto da página, todos os dias.  Embora eu achasse estranho, obedecia. Naquela escola, tive a sorte de encontrar muitos professores bons. Dona Maria me ensinou a escrever. Porque ela era negra e eu já sabia o que isso significava, o que ela me ensinou não era apenas assunto de letra e palavra, mas de

O BANQUETE IMORAL DE BRASÍLIA

Imagem
A cena de pompa e circunstância que rodeou o jantar do presidente com os aliados, agora felizes e em paz, entra para os grossos anais da vergonha que contam a nossa história recente. A trupe festeja o fim dos direitos do povo e o recuo das conquistas históricas das populações mais empobrecidas, que atende pelo código de MP 241. Ninguém, em sã consciência, pode acreditar que o congelamento de gastos com saúde, educação, assistência social e previdência por vinte anos mereça uma festa desse quilate. Ao invés de celebrarem com farra nababesca enquanto o país sofre a pior crise econômica da sua história, esses homens brancos e ricos, deveriam cobrir seus rostos de vergonha. Vendidos por goles de champanhe e algumas iguarias do cardápio palaciano, os deputados apressam-se em aprovar o rombo, com afobação invejável, sepultando qualquer possibilidade de discussão ou crítica. A questão é clara: esses homens e suas famílias ricas não dependem de escola pública, não conhecem o dra