MÁRCIA CUIDA DO QUEIROZ E COMETE MACHISMO, SEU PIOR CRIME
Marcia Aguiar, afinal, cuida do marido. Leva café da manhã na cama, serve-lhe o próprio corpo, adula suas orelhas com cafunés, varre a casa, lava a roupa, cozinha, cose e cuida do lar. Márcia está sob ordem judicial. Antes foragida e sem utilidade, ela voltou para assumir o seu posto de mulher submissa. Suas unhas postiças e seu cabelo bem cuidado já não contam mais. Conta agora a sua função na economia doméstica, conta agora a sua tarefa, a missão que aquele juiz adivinhou-lhe na própria condição feminina, como um fator quase genético, existencial, religioso. Afinal, qual o sentido de sua existência a não ser essa, a de colocar-se à serviço de seu homem? Mora no coração do juiz que ordenou a sentença o mesmo verme que brota no seio da nação, aqui e ali. O machismo desliza nas suas letras como um anfíbio peçonhento, pele imberbe e úmida, rastejando sobre os documentos da pátria, a olho nu, em rastros de mil nojeiras. Pernicioso, o bicho põe seus ovos em dia claro e suas cri