UM CARECA PODE SER UM HOMEM FELIZ, SABIA?
Durante muito tempo ao careca imputou-se legendas pouco honoríficas. Sua peladura lhe fazia um doente, um velho ou um filósofo. Provavelmente as três coisas ao mesmo tempo, o que dá no mesmo. Doente grave perde o cabelo. Velhice, essa doença indesejada que afeta irrevogável tudo o que é vivo, começa sempre pelos cabelos. O filósofo... bem, de tanto pensar aquece os miolos, como se diz. Fornalha acesa, na cabeça faz terra rasa. Exemplos não faltam. Sócrates era careca. Sêneca viu nisso muitas vantagens. Gandhi era careca e Buda, obviamente. Mas Foucault foi o careca mor da filosofia. Sua desenvoltura, dizem, era de arrepiar cabelos alheios. Durante outra parte de tempo, o careca foi visto como um criminoso ou presidiário, porque a estética do crime não tem cabelo. Skinheads que o digam. Quem sabe um piolhento. Sem cabelo, estamos menos expostos aos insetos do mundo - quando crianças a mãe manda tosar rente para evitar contaminação e desasseio. A gente tenta esconder com tocas