POBRES DE PEDRO, ESTAMOS MAIS RICOS DE CORAGEM
Dom Pedro se foi. Sem ele, todos sabemos, será muito mais difícil atravessarmos a escuridão e nos movermos no meio do escombro desse mundo, cujos alicerces e paredes despencam à nossa frente, por mãos daqueles que deveriam cuidar de suas bases. Será bem mais difícil agora, sem Pedro, como tem sido sem Tomás e todos os outros que nos precederam. É com o seu testemunho, contudo, que contamos para continuar. Poucos como Pedro nos deixaram tanto. Suas grandezas estão na simplicidade, na coragem, no compromisso sério, na radicalidade evangélica, na sabedoria insone, no carisma, na doçura misturada com a força. Desde lá, descalço sobre a terra vermelha, com mãos frágeis e corpo franzino, enfiado entre os índios e lavradores, recolhendo sangues e suores, sangrando ele mesmo sob as noites profundas e abandonadas dos sertões brasileiros, Pedro falava de esperanças e de liberdades. Sua presença enchia de tensão os palácios e os altares, porque seu corpo torto e trêmulo, conseguia transitar