PRECISAMOS DO BOM ESPÍRITO DO CARNAVAL PARA O RESTO DOS NOSSOS DIAS
Alguns já dizem que esse é o carnaval mais politizado dos últimos tempos. Parece mesmo. O senso crítico espalha-se pelos trios, blocos e desfiles, incomodando conservadores e coronéis (como aquele mineiro, que afinal, foi obrigado a se render ao espírito da anticerimônia; avisaram-lhe que esse não é tempo de interdições). Mensagens ambientais são anunciadas em enredos e alegorias com a potência das boas novas. Há esperança no ar. Gente nas ruas. Beleza e nudez nos corpos. Corpos transgridem as normas sociais, fazendo a metamorfose das rainhas que descem das favelas. Invertem-se as lógicas. Homens vestem-se de mulheres. Mulheres traduzem outras liberdades. E tem a música. Um pouco de tudo e até samba bom, velho ou rejuvenescido, que corre pelas veias no som dos tambores, feitos de pele de outros corpos. Há cores por todo lado, risos, beijos e aquele tipo de excesso próprio dos interregnos, quando quebram-se interdições em nome da liberdade de criticar o governo de ontem en