SOBRE A ESCRITA ACADÊMICA E AS VANTAGENS DA MASTURBAÇÃO
Sempre achei que a escrita tivesse alguma coisa erótica. Escrever é como transar: há quem precise regularmente. Vem aquela volição, aquela vontade de derramar-se, aquela tensão excitada à procura da foz. Busca-se por tudo a folha branca, a tecla do computador, o lápis ereto e ali, no meio da sala, por vezes em público, no carro, no metrô, no banheiro... ejacula-se a palavra, limpa, plena de vida. A escrita é a experiência dessa pobreza do riquíssimo, que se chama desejo. E que se dá, antes de tudo, como necessidade e, depois, como alegria. Eros, há muito, é o deus da beleza e também da bondade, o que significa que o corpo e o pensamento, como tanto insistiu Nietzsche, são da mesma seara. Utensílios de prazer. Como desejo, contudo, a escrita está mais para a masturbação do que para a relação sexual. Ela é um truque de preparação para o contato com o outro. Derrida, na sua Gramatologia , fala disso como suplemento (devo o insight ao meu amigo Prof. Ericson Falabretti,