A INVASÃO DA CÂMARA E A EXECRÁVEL IGNORÂNCIA ATIVA DOS IMBECIS
“ Santa simplicitas! ” Esse é o título do aforismo 24 de Além de bem e mal , obra publicada por Nietzsche em 1886. O texto fala da ignorância, da “vontade de não-saber”, da incerteza e da inverdade que orientam os atos humanos. O filósofo acredita que muitas vezes mantemos propositalmente a nossa ignorância para “gozar de uma quase inconcebível liberdade” que se mistura com boa dose de irresponsabilidade, imprevidência e despreocupação com as consequências das nossas ações. Guiados pela ignorância, agimos sem pudor, aliviados de qualquer sentimento de culpa. Se isso pode ser interessante do ponto de vista interno da crítica nietzschiana à moral de rebanho, tem consequências danosas no campo da política, por exemplo. Pensada nesse contexto, a frase de Nietzsche soa mesmo como ironia terrível, na medida em que a exclamação faz referência a uma frase de Juan Hus (1369-1415), um reformador religioso precursor do movimento protestante, excomungado pela Igreja e condenado pela inq